IDP em 2025: as métricas de produtividade e governança que realmente importam

Por Camila Ferreira
IDP em 2025: as métricas de produtividade e governança que realmente importam

Você não gerencia o que não mede — mas medir um IDP (Internal Developer Platform) só com DORA cria miragens. Em 2025, líderes precisam de um painel que conecte produtividade de desenvolvedores, govern...

Você não gerencia o que não mede — mas medir um IDP (Internal Developer Platform) só com DORA cria miragens. Em 2025, líderes precisam de um painel que conecte produtividade de desenvolvedores, governança e ROI, sem inflar vaidades de portal. Este guia mostra quais métricas importam, como instrumentá-las e como ligá-las a resultados de negócio.

Escritório moderno com painel de métricas, laptop e gráficos em azul, verde e branco.
Explore como as métricas de produtividade podem transformar a governança em ambientes inovadores.

Termômetro do mercado

O pêndulo saiu do hype e bateu na planilha. Analistas projetam que, até 2026, mais de 80% das empresas terão alguma iniciativa de plataforma — o que significa barra de comparação mais alta e menos tolerância a experimentos eternos. A discussão amadureceu: não basta “ter um portal”, é preciso provar valor.

Do lado da IA, o uso diário virou padrão. Em 2025, 88% dos profissionais de plataforma reportam uso regular de IA; 75% usam para código e 71% para documentação. Nove em cada dez esperam transformação significativa — mas 59% ainda apontam lacunas de skill e um “platô de implementação”, onde os ganhos individuais não viram ROI organizacional. O recado é claro: sem medir, IA vira perfume caro.

Ao mesmo tempo, cresce o “backstage backlash”: times que passaram 12–18 meses instalando e nutrindo portais descobriram que página bonita não substitui caminho padrão bem instrumentado. O efeito colateral é clássico: métricas de vaidade crescem, mas o TTFD (time to first deploy) e a segurança seguem sofrendo.

“Sem dado confiável, IA vira palpite caro”, disse um gerente de CX em tom de desabafo.

O que medir de produtividade (além de DORA)

DORA é necessário, mas não suficiente. Em 2025, a recomendação que ganhou corpo nos debates “Beyond DORA” é simples: trate DORA como low-stakes. Excelente para autoavaliação e melhoria contínua; péssimo para premiar ou punir times. Quando DORA vira meta-bônus, o sistema joga contra você.

Reforce o básico — com definições claras e comparáveis entre times:

Essas definições, recomendadas pela orientação prescritiva da AWS, funcionam como a “temperatura” do seu fluxo. Mas o diagnóstico completo exige mais que o termômetro.

Métricas de experiência e adoção do IDP que movem a agulha:

Defina a data de coleta e mantenha consistência metodológica. Métrica sem série histórica é só opinião cara.

Cheque de realidade

Evidências recentes, discutidas e “ancoradas” no DORA, apontam dois fatos incômodos: plataformas bem desenhadas aumentam produtividade; porém, há um vale inicial de performance até a maturação do IDP. O comportamento é parecido com uma obra de infraestrutura: antes de aliviar o trânsito, cria-se congestionamento. Planeje a fase de ramp-up; evite prometer a lua no primeiro trimestre.

Outra peça importante é ligar plataforma a outcomes de negócio. No webinar Beyond DORA, frameworks emergentes como o EEBO são citados justamente para conectar trabalho de plataforma a impacto (tempo de valor, custo e risco). Em outras palavras: medir a ponte, não só a paisagem.

Governança sem fricção: controles que o board quer ver

Segurança e supply chain integradas ao fluxo:

Conformidade operacional e auditabilidade:

Privacidade e setor regulado (quando central):

Exemplo hipotético: um hospital regional no Nordeste automatizou evidências no IDP (artefatos assinados, SBOM anexa por release e trilha de approvals). O RTO de auditoria caiu de 10 para 3 dias, e o board passou a discutir risco residual com dados, não com boatos.

Conecte métricas a dinheiro: ROI, custo e risco

Do painel técnico ao P&L:

Monte uma planilha-modelo e revisite trimestralmente. Nada sofisticado: o suficiente para que o CFO enxergue correlação entre golden paths e margem.

Produtividade assistida por IA (com valor mensurável):

Contexto de mercado para metas realistas:

Do slide ao PIX

A transição do slide ao PIX — isto é, do discurso à confirmação de valor no extrato — exige uma linha do tempo clara: quando o IDP vai reduzir TTFD? Quanto isso economiza em horas? Qual impacto na taxa de incidentes? E que parte vira menos gasto de infraestrutura?

Não prometa “portal unificado” como solução-mágica. Priorize journeys que cortam fila: criar serviço, provisionar base, configurar secrets, promover deploy — com governança embutida. O resto é detalhe.

“Portal bonito não apaga fila no change. Caminho padrão bem medido, sim.”

Instrumente certo: fontes de dados e arquitetura de métricas

Telemetria e SLOs como base:

Dados de uso da plataforma como produto:

“Seu IDP precisa ser desejado, não imposto. Encante o dev e a governança vem no embalo.”

Governança de métricas:

O que deu certo (e por quê)

Três padrões aparecem nas organizações que viram valor rápido:

Quando NÃO fazer ou medir agora

Plano de 90 dias para acertar o scorecard do IDP

Dias 0–30: baseline e foco no essencial

Dias 31–60: instrumente e entregue quick wins

Dias 61–90: conecte ao negócio e governe

O que medir a partir de agora

Em 2025, IDP bom é aquele que transforma métrica em decisão. O resto — e aqui vai a ironia — é “portal para inglês ver”.

Fontes

Beyond DORA: Metrics to measure platform engineering

Adopt a product mindset for your internal developer platform

Measuring the success of an internal developer platform

State of AI in Platform Engineering 2025

3 platform engineering predictions for 2025