Unicórnio no Brasil em 2025: mito vs realidade sobre valuation, governança e liquidez

Por Rodrigo Barbosa
Unicórnio no Brasil em 2025: mito vs realidade sobre valuation, governança e liquidez

O Brasil segue líder em LatAm em unicórnios e fintechs, mas a realidade pós-2021 é outra: funding arrefeceu e governança encareceu. Em 2025, o jogo é menos sobre “bater US$ 1 bi” e mais sobre proteger...

O Brasil segue líder em LatAm em unicórnios e fintechs, mas a realidade pós-2021 é outra: funding arrefeceu e governança encareceu. Em 2025, o jogo é menos sobre “bater US$ 1 bi” e mais sobre proteger TIR com saídas reais e estruturas sólidas.

Escritório moderno com tablet, gráficos financeiros e documentos em uma manhã suave.
Explorando a realidade dos unicórnios no Brasil: análise de valuation e governança.

Contexto rápido

De longe, a boiada parece igual. De perto, cada chifre tem uma cicatriz. O estoque global de unicórnios segue inchado — mas o ciclo desacelerou, a janela de IPOs ficou irregular e a liquidez não acompanha o hype desde o pós-boom de 2021.

No Brasil, o rótulo ainda seduz. Há mais unicórnios aqui do que no resto da região somado, e São Paulo segue como hub. Ao mesmo tempo, o retrato de 2025 mostra um funil mais estreito: volume de capital menor, diligência maior, e o cheque só sai com governança que aguente tranco.

“No bull market todo mundo é gênio. Em 2025, o investidor quer ver caixa, cláusula e cap table limpo”, diz um gestor de growth de um fundo paulista.

Mito 1: “Valuation de US$ 1 bi garante sucesso e caixa”

Curiosamente, é contraintuitivo. O “US$ 1 bi” abre portas, mas não paga a folha. Paga reputação. Paga manchete. Caixa mesmo vem no evento de saída.

Mito 2: “Governança é só para IPO; unicórnio privado não precisa”

Vale lembrar: se a companhia acha caro ter conselho atuante, voto múltiplo e política de partes relacionadas, caro mesmo é refazer tudo às pressas porque um comprador estratégico exigiu “governança nível CVM”.

Do slide ao PIX

Governança não mora só no boardbook. Mora no dado que sai do ERP, na reconciliação do PIX, na política de crédito que define inadimplência e na trilha de auditoria do consentimento LGPD. É o operacional que sustenta o múltiplo.

Como resume um gerente de CX de uma fintech média: “sem dado datado, compliance vira parecer — e parecer não paga o boleto do Bacen”.

Mito 3: “Unicórnio = liquidez para founders e early investors”

No fim, unicórnio é etapa. Se o investidor não enxerga a porta de saída, a TIR derrete — mesmo com valuation bonito no pitch.

Estudos de caso brasileiros

Essas micro-histórias mostram o mesmo padrão: governança e métricas certas reduzem o “desconto Brasil”.

Mito 4: “Fintech no Brasil sempre vale mais”

Se “ser fintech” carregava prêmio por narrativa, em 2025 o mercado pede prova de lucro e de risco controlado. Etiqueta não substitui unit economics.

Mito 5: “CVC é dinheiro fácil e não dilui tese”

“CVC bom é ponte, não corrente. Se amarra a saída, o desconto vem na mesma hora”, comenta a CFO de uma scale-up de logística.

No curto prazo, com juros altos, o corporate pedirá resultado. No longo, sem governança, a startup paga o preço.

Onde dá ruim

Contraponto: quando não seguir o manual? Se a tese é deep tech, o caminho pode ser mais longo, com menos métricas comerciais no curto prazo. Aí, o foco é governança técnica (IP, segurança, roadmap) e capital paciente — não “crescer a qualquer custo”.

O que medir a partir de agora

Se 2021 premiou velocidade, 2025 premia controle. O bilhão segue valendo, mas agora é o começo da conversa — não o fim.

Fontes

List of unicorn startup companies

The 17 Unicorns Founded in Brazil (2024)

Brazil's Top 10 Startups for Tech Pros 2025

Brazil’s Top Fintech Startups and Unicorns - Fintech News America

Meet the Biggest Startup Unicorns in Latin America for 2025