Google for Brazil 2025: o que muda em 2026 para marketing, logística e atendimento
Com R$ 215 bilhões de contribuição à economia brasileira em 2024 (segundo a empresa), o Google entra em 2026 com um pacote de IA que mexe no dia a dia: Visão Geral por IA (AI Overviews) também no Lens...
Com R$ 215 bilhões de contribuição à economia brasileira em 2024 (segundo a empresa), o Google entra em 2026 com um pacote de IA que mexe no dia a dia: Visão Geral por IA (AI Overviews) também no Lens, anúncios nesses instantâneos multimodais, Pix nativo no Chrome e no Lens e copilotos Gemini em português do Brasil para times de atendimento. A promessa é pragmática: mais conversões, menos atrito no checkout e respostas mais rápidas. A conta vem junto: novas exigências de medição, privacidade e governança.
Antes de mais nada
O pano de fundo é um Brasil que adota tecnologia no ritmo de rede social. A Busca segue onipresente (são trilhões de buscas por ano globalmente), e o Google reforçou no Google for Brasil 2025 que a IA generativa já está na linha de frente: do Meet que traduz fala PT-BR ↔ EN preservando timbre e emoção, ao Veo 3 para gerar vídeos com áudio, até o AI Overviews aparecendo também no Google Lens — ou seja, a jornada começa pela câmera, pela voz, pela foto do recibo.
Segundo executivos, o foco é conectar pessoas com o que precisam e querem — seja informação, compra ou lazer. Para as empresas, 2026 é o ano de tirar o atrito do caminho e provar valor na régua certa. Ninguém acorda querendo preencher formulário: quanto menos telas, mais vendas.
Search em 2026: IA muda a jornada e a mídia de performance
A virada é de formato e de intenção. AI Overviews em português passa a ocupar espaço também nos resultados do Lens: a pessoa aponta a câmera, pergunta e vê um “instantâneo” de IA com links para a web. Junto, os anúncios entram em AI Overviews — novos pontos de contato exigem reescrever estratégia de SEO/SEM para experiências multimodais.
Em performance, a linha de montagem ganhou torque. Em 2024, a Performance Max (PMax) recebeu mais de 90 melhorias e registrou aumento de mais de 10% nas conversões/valor. Agora, vem com relatórios por canal e termos de pesquisa em nível similar às campanhas de Pesquisa e Shopping, além de controles para excluir quem buscou sua marca recentemente. Menos canibalização, mais incremental.
Criativos? O Veo 3, disponível no Brasil via Google AI Pro, permite gerar vídeos com áudio para testes rápidos de peças e variações. Empilhe com PMax e você acelera a curva de aprendizagem criativa.
- O que fazer já:
- Reescrever páginas e FAQs para consultas multimodais (texto + imagem + voz) em português do Brasil.
- Ligar relatórios por canal na PMax e ajustar lances criados para Lens e AI Overviews.
- Ativar exclusões de marca em PMax quando a meta for aquisição incremental.
“Como explica um gerente de performance do varejo, ‘tiramos a PMax do piloto automático: com exclusões de marca e termos de pesquisa mais ricos, ficou claro onde a gente pagava por tráfego que viria de qualquer jeito’.”
Exemplo hipotético: um e-commerce de moda do Paraná ativa “pergunte ao Lens” em seus PDPs para dúvidas sobre caimento de linho e viscose e testa 12 variações de vídeos curtos com Veo 3. Em agosto/2026, vê queda de 18% no CAC e lift de 22% no CTR em buscas visuais relacionadas a “vestido midi verde”.
Checkout e descoberta: Pix no Chrome e no Lens reduz atrito
Se a intenção nasce no Lens, o pagamento não pode quebrar o ritmo. O Pix no Chrome permite finalizar transações de até R$ 500 sem sair da página no e-commerce; no Lens, o Pix reconhece QR e chaves capturados por câmera ou print — de boleto a adesivo na vitrine — e ainda oferece um “Pin Extra de Segurança” opcional.
Na prática, isso encurta o caminho do clique ao comprovante. Recomendação de métrica: medir taxa de abandono no checkout antes/depois do Pix in-page e tempo médio de pagamento. No Q2/2026, faça o corte por canal (orgânico, PMax, AI Overviews/Lens) e acompanhe o share de Pix nas vendas com dados do Bacen como referência setorial.
Além do pagamento, o AI Overviews no Lens permite perguntas sobre produtos direto da câmera e retorna instantâneos com links. É hora de otimizar feeds, dados estruturados e marcações de preço/estoque para aparecer nesses snapshots.
- O que observar:
- Fluxos de conformidade ao Bacen para Pix e logs de consentimento sob LGPD para captura de imagem via Lens.
- Mensurar impacto em LTV: menos fricção tende a trazer recorrência.
Micro-história hipotética: um marketplace regional em Fortaleza habilita Pix no Chrome no mobile. No Q2/2026, a taxa de abandono cai 21% e o tempo médio de pagamento baixa de 2m40s para 47s. “Resolvemos as dores de teclado, redirecionamento e timeout”, diz a gerente de produto.
Logística inteligente com Maps: rotas, tracking e clima
A última milha ganhou cérebro (e guarda-chuva). Com as APIs de Routes, o sequenciamento de paradas, o rastreamento em tempo real e as condições de tráfego, dá para reduzir quilômetros rodados e reentregas. Além disso, rotas sustentáveis e informações de trânsito atualizadas melhoram o ETA e a satisfação.
Um extra útil para planejamento diário: Nowcasting por IA na Busca — com o modelo MetNet — oferece previsões de chuva a cada 15 minutos para as próximas 12 horas. Perfeito para replanejar janelas de entrega e revisar SLA no dia da operação.
E tem cidade nova no mapa de transporte público: Belo Horizonte e Brasília com tempo real; Belém, Manaus e São Luís com serviço programado. O potencial é de impacto a mais de 5 milhões de pessoas — bom para rotas híbridas (van + metrô/ônibus) e pontos de retirada.
- KPIs para 2026:
- SLA/OTD antes/depois das rotas otimizadas (SLA = nível de serviço; OTD = entrega no prazo).
- Km rodados por pedido, custo por entrega e taxa de reentrega por cidade (comece testando em BH e Manaus no Q1–Q2/2026).
- CSAT de entrega e NPS de logística.
LGPD segue na cabine do motorista: rastreamento com compartilhamento controlado com o cliente e políticas claras com parceiros — inclusive cláusulas de “pagar por entrega bem-sucedida”, comuns em contratos de última milha.
Exemplo hipotético: uma rede de farmácias em Curitiba aciona replanejamento automático quando o Nowcasting prevê pancadas às 16h. No Q1/2026, evita 12% de reentregas em dias de chuva forte e melhora o ETA em 6 minutos médios por rota.
Atendimento com Gemini em PT-BR: produtividade com governança
O Gemini em português do Brasil no Workspace acelera respostas, resumos de chamadas e a criação de bases de conhecimento. No Meet, a tradução de fala PT-BR ↔ EN em tempo real — construída com AudioLM — preserva voz, tom e energia, o que reduz ruídos no onboarding e em negociações bilíngues.
Sob o capô, o Gemini 1.5 Pro ganhou janela de até 2 milhões de tokens e multimodalidade (texto, imagem, áudio/vídeo). Melhor raciocínio e planejamento. Dados de mercado indicam que empresas que implementam GenAI registram +14% de produtividade e +9% em resultados financeiros.
- Como medir o ganho:
- FCR (resolução no primeiro contato), TMA (tempo médio de atendimento), NPS/CSAT e taxa de autosserviço antes/depois do copiloto.
- Qualidade de resposta (amostras cegas) e redução de burnout de agentes.
“Como explica um gerente de CX, ‘sem dado atualizado e política clara, IA vira palpite caro’.”
Privacidade é pilar. A Central de Privacidade do Gemini detalha dados coletados (conteúdo, contexto de apps/serviços, navegadores e dispositivos) e como o Google trata permissões, retenção e opt-outs. Para LGPD, defina a base legal por fluxo (execução de contrato, legítimo interesse com teste de balanceamento ou consentimento), registre instruções do sistema e mantenha logging de prompts e respostas para auditoria.
Micro-história hipotética: um contact center bilíngue em Recife ativa tradução no Meet para onboarding de healthtechs estrangeiras e integra resumos do Gemini ao CRM. No Q3/2026, o TMA cai 13% e o FCR sobe 9 pontos.
Métricas, risco e plano de ação 90-180-365 dias
A régua mudou. Campaign Manager 360 e DV360 adotaram begin-to-render a partir de setembro/2025: impressão só conta quando o criativo termina de carregar. Junto vieram métricas de alcance mais úteis (custo por alcance e economias do limite de frequência). Resultado: comparações com 2024 precisam de rebaseline.
- O que fazer com datas:
- Até março/2026, rodar benchmarking paralelo entre metodologia antiga/nova e recalibrar CPA/CAC por canal.
- Revisar frequência ótima por inventário e redistribuir verba de upper/mid funnel para cobrir AI Overviews e Lens.
Governança precisa sair do slide:
- Políticas de uso de IA (instruções do sistema do Gemini, logging, revisão humana).
- Encarregado (DPO)/LGPD, termos para Pix e uso de imagens no Lens, plano de resposta a incidentes.
- Revisão de contratos com gateways e cláusulas de segurança de dados.
Roadmap 2026
- 90 dias: pilotos de AI Overviews + Lens, Pix no Chrome/Lens e bot de pós-venda com Gemini PT-BR; defina KPIs de conversão, abandono, TMA, FCR.
- 180 dias: escalar PMax com relatórios por canal e exclusões de marca; ativar rotas/ETA em Maps com Nowcasting; treinar times de marketing, logística e CX.
- 365 dias: integração full-funnel (Search + YouTube + Lens), OMS com rotas dinâmicas e política de dados do Gemini formalizada; auditoria LGPD e revisão contratual com gateways/Pix.
Contraponto — quando não acelerar: se sua dependência de tráfego de marca é alta e você não tem margem para testes criativos, pausar a expansão de PMax para AI Overviews pode evitar desperdício. Se o fluxo de checkout exige mais de R$ 500 por tíquete, o Pix in-page demandará desenho alternativo. E, se você não pode logar e auditar prompts do Gemini, não leve o copiloto para conversas sensíveis.
Micro-história hipotética: uma PMO de varejo no Centro-Oeste monta um “war room de IA” com marketing, logística e atendimento, rodando ciclos quinzenais de teste-and-learn. No fechamento de 2026, reporta +11% em conversões assistidas por Lens, –17% no abandono via Pix no Chrome e –9% no TMA com Gemini.
Como aplicar no Brasil
- Marketing: crie páginas que respondam perguntas visuais (ex.: “serve para pele oleosa?” com foto do rótulo), teste Veo 3 para 6–10 variações de criativo e use exclusões de marca em PMax quando for captar novos clientes.
- Varejo/checkout: habilite Pix in-page para pedidos até R$ 500, desenhe fallback para valores acima e crie eventos de analytics para abandono por etapa.
- Logística: integre Nowcasting ao roteirizador para remanejamento em tempo real; pilote em 2 cidades com perfis distintos (ex.: BH e Manaus).
- Atendimento: defina playbooks do Gemini (tom, fontes confiáveis, limites), ligue tradução no Meet quando houver calls bilíngues e audite amostras de resposta semanalmente.
Aprendizados de campo
- Multimodal não é “nice to have”: sem dados estruturados e imagens bem marcadas, você some dos snapshots de IA.
- Criativo virou variável de mídia: Veo 3 acelera testes, mas sem hipótese clara, você só gera vídeo bonito.
- Pagamento é UX: tirar o redirecionamento do caminho derruba abandono mais que qualquer cupom.
- Clima é logística: chuva a cada 15 minutos na tela do roteirizador vale mais que um WMS sem contexto.
Compliance e alertas
- Pix: siga as normas do Bacen, registre consentimentos e ofereça “Pin Extra de Segurança”.
- LGPD: documente base legal, retenção e opt-outs no uso do Lens e do Gemini; minimize dados no prompt.
- Medição: comunique a adoção de begin-to-render aos times executivos para evitar “queda fantasma” de impressões.
Sinal de mercado
Os vetores estão alinhados: o Google elevou o investimento local, a Busca virou multimodal e os anúncios acompanham a jornada. Performance Max ganhou transparência; o Maps ampliou dados de transporte e o Nowcasting chegou à Busca; o Meet elevou a barra de tradução em tempo real. Some a isso a tração de GenAI nas empresas e a adoção crescente de IA pelo brasileiro conectado. 2026 não é sobre “se”, é sobre “como, com que métrica e sob quais políticas”.
No fim, é execução — e disciplina. IA amplia alcance e remove atritos, mas cobra precisão. Quem medir direito, governar dados e treinar gente, colhe primeiro.
Fontes
Tudo sobre o Google for Brasil 2025
What we announced at Google for Brazil 2025 - The Keyword
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